You are using an outdated browser. For a faster, safer browsing experience, upgrade for free today.

Recomendações para uso de drogas moduladores da função da Proteína CFTR

Panorama da fibrose cística

A fibrose cística (FC) é uma doença genética com acometimento multissistêmico. O tratamento da fibrose cística é complexo e envolve atendimento em Centros especializados e utilização de medicamentos de alto custo. A doença decorre da presença de variantes patogênicas em ambos os alelos do gene CFTR, que codifica uma proteína de mesmo nome. Essa proteína é um canal de cloreto e bicarbonato, presente na superfície apical das células epiteliais de diversos órgãos e sistemas do corpo humano. Defeitos na síntese e/ou função dessa proteína resultam em manifestações clínicas de intensidade variável, incluindo insuficiência pancreática exócrina e malabsorção de nutrientes, doença pulmonar crônica progressiva, risco aumentado de desidratação e distúrbios metabólicos, com redução significativa da expectativa de vida. Tratamentos disponíveis em nosso meio atuam no controle dessas manifestações, sem efeito na causa primária da doença. Entre eles, podemos citar a terapia de reposição de enzimas pancreáticas junto a todas as refeições para melhorar a absorção dos nutrientes, o uso de suplementos alimentares para melhorar o aporte calórico, o uso de fluidificantes das secreções pulmonares, de antibióticos orais ou inalatórios e a realização de fisioterapia respiratória rotineira para controle das manifestações pulmonares.

No Brasil, a fibrose cística é uma das doenças de rastreamento obrigatório pelo teste de triagem neonatal, através da dosagem do tripsinogênio imunorreativo, de tal modo que cerca de 250 casos são diagnosticados anualmente. Existem hoje cerca de 5.000 pacientes cadastrados no Registro Brasileiro de Fibrose Cística, base de dados proveniente da atuação de profissionais de saúde de mais de 50 Centros de atendimento distribuídos pelo país. O Registro de pacientes tem acesso protegido e conta com dados demográficos, de diagnóstico (incluindo genética) e de tratamento e evolução da doença, com divulgação periódica dos dados no site www.gbefc.org.br.

 

Moduladores da proteína CFTR

As alterações no gene CFTR podem resultar em maior ou menor expressão da proteína CFTR nas células epiteliais, e em maior ou menor comprometimento de sua função. A expressão clínica do paciente depende, portanto, dessa resultante – quantidade e função da proteína. A descoberta das novas drogas moduladoras da função da proteína CFTR resultaram em grande entusiasmo para pacientes e profissionais de saúde envolvidos no tratamento da doença.

Trata-se de tratamentos que atuam na causa da doença, e não apenas nas consequências. As novas drogas moduladoras da função da CFTR que estão habitualmente disponíveis são os potenciadores (que aumentam a função da proteína), e os corretores (que interferem no processamento protéico e resultam em aumento da expressão da proteína na superfície apical das células). A variante mais frequente em todo o mundo, denominada F508del, resulta em defeito de processamento da proteína, não sendo expressa na superfície celular. Mesmo quando expressa por efeito de drogas corretoras do processamento, resulta ainda em defeito de função e estabilidade da proteína na superfície da célula 6 . Portanto, pacientes portadores de variantes como a F508del necessitam das duas classes de moduladores para correção do problema; já pacientes com variantes como G551D ou S549R, que afetam apenas a função da proteína, necessitam apenas de uma droga potenciadora da função da CFTR.


> Download do Relatório Completo.

 

Elaboração: 1ª versão, 21 de agosto de 2019.

Luiz Vicente Ribeiro Ferreira da Silva Filho
Alberto de Andrade Vergara
Norberto Ludwig Neto

Grupo Brasileiro de Estudos de Fibrose Cística (GBEFC)